23 de novembro de 2012

Cansa, entende? - Um pouco das minhas 'estórias'/segredos...


Eu pedi um café e sentei. Só queria que o tempo passasse rápido. Olhei para o café por uns dez segundos e desisti de tomar. O melhor seria dormir rápido no avião e o café iria atrapalhar. A sua imagem não saia da minha cabeça um segundo. A última vez que te vi... Uma lembrança amarga, dolorida. Você estava resolvendo umas coisas em um dos setores da empresa onde trabalhávamos, e eu cheguei apressada pra assinar uns papéis. Eu vi quando seu corpo se contraiu com minha presença, o meu se contraiu também. Senti um calafrio percorrendo-me toda e se instalando no meu coração. Terminei de assinar os papéis e saí. Trouxe você comigo na minha lembrança, congelado naquela posição de choque ao me ver. Nunca mais nos falamos, nunca mais o vi. Não sei nada sobre sua vida, e estou indo embora. Estou fugindo. Não consigo suportar o fato de morar na mesma cidade que você e não poder sentar em uma lanchonete qualquer ao seu lado. Não aguento mais andar na rua te procurando em todos os rostos que vejo. Não suporto tanta facilidade em te ver e isso se tornar cada dia mais distante, mais impossível. Não suporto tua presença. Não mais.

[...]

#Eu só tinha que respirar, entende? Eu precisava ficar longe por uns tempos. Precisava deixar que outras coisas me seduzissem, outros lugares, outros sorrisos, outras pessoas. Aí não dava. Você sempre estava aí, de algum jeito, é como se a cada esquina eu fosse esbarrar em você. Não aguentei.#

Entrei no táxi e segui para o aeroporto. Tinha vontade de tomar uma vodka. Cheguei no aeroporto. Esperei. Parti. Dormi. Acordei. Você não me deixou em paz. Veio encravado no meu coração. Eu te sentia a cada bater do peito. Chorei. Calma e silenciosamente eu chorei sua presença tão distante. Meu coração doía, queimava. Eu queria gritar, mas não podia. Achei que não fosse suportar. Suportei. Cheguei. Desembarquei. Peguei um táxi. Segui.
Tudo era novo, muitas luzes, muitos carros, muita gente desconhecida, muito medo dentro de mim... Menos a certeza de te encontrar a qualquer momento. E agora? O que fazer pra te encontrar? Respirei fundo e pensei que o melhor era esquecer. Decidi começar tudo de novo. Fui para o hotel onde fiz previamente minha reserva e deixei minha bagagem. Quando passei pela recepção decidi que não te levaria comigo. Abri minha carteira e peguei sua fotografia que eu trazia comigo num misto de amor e doença mental, rasguei em poucos pedaços e joguei no lixo.
Fui pra rua, entrei num barzinho movimentado, cheio de gente jovem, pedi uma vodka. A alma já estava menos cansada, o coração mais leve. Bebi rápido, desejando que o relaxamento que a bebida provoca chegasse logo. Eu só queria ser livre...
Os dias passaram, as coisas foram se encaixando, as pessoas estranhas tornaram-se conhecidas. O trabalho foi ficando mais fácil. Convites para jantares e baladas foram surgindo e você foi deixado naquela lata de lixo. Pensei em você muitas vezes, mas já não era a mesma dor. Conheci um cara. Não o amo, é verdade, mas ele me faz sorrir, principalmente quando eu te lembro na lata de lixo. Ele me conta bobagens, me liga, me seduz, volta no outro dia. Eu não tenho medo de perdê-lo, mas quando estou com ele não penso em você. Não muito.

Anne Dias

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