26 de novembro de 2012

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Em alguns momentos, a verdade é tão dura que preciso mentir para mim e descobrir aos poucos.
Fabrício Carpinejar

Eu tive medo...

Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos… Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. … E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.

Caio Fernando Abreu.

É belo, sim...



"Mamãe olhava todos os dias para o céu.
De noite, contava estrelas com papai.
O silêncio era vasto como o mar.
A cama virava então um barco balançando sobre as ondas."

Livro:  Meu nome é Pomme - Kristien Dieltiens


23 de novembro de 2012

Cansa, entende? - Um pouco das minhas 'estórias'/segredos...


Eu pedi um café e sentei. Só queria que o tempo passasse rápido. Olhei para o café por uns dez segundos e desisti de tomar. O melhor seria dormir rápido no avião e o café iria atrapalhar. A sua imagem não saia da minha cabeça um segundo. A última vez que te vi... Uma lembrança amarga, dolorida. Você estava resolvendo umas coisas em um dos setores da empresa onde trabalhávamos, e eu cheguei apressada pra assinar uns papéis. Eu vi quando seu corpo se contraiu com minha presença, o meu se contraiu também. Senti um calafrio percorrendo-me toda e se instalando no meu coração. Terminei de assinar os papéis e saí. Trouxe você comigo na minha lembrança, congelado naquela posição de choque ao me ver. Nunca mais nos falamos, nunca mais o vi. Não sei nada sobre sua vida, e estou indo embora. Estou fugindo. Não consigo suportar o fato de morar na mesma cidade que você e não poder sentar em uma lanchonete qualquer ao seu lado. Não aguento mais andar na rua te procurando em todos os rostos que vejo. Não suporto tanta facilidade em te ver e isso se tornar cada dia mais distante, mais impossível. Não suporto tua presença. Não mais.

[...]

#Eu só tinha que respirar, entende? Eu precisava ficar longe por uns tempos. Precisava deixar que outras coisas me seduzissem, outros lugares, outros sorrisos, outras pessoas. Aí não dava. Você sempre estava aí, de algum jeito, é como se a cada esquina eu fosse esbarrar em você. Não aguentei.#

Entrei no táxi e segui para o aeroporto. Tinha vontade de tomar uma vodka. Cheguei no aeroporto. Esperei. Parti. Dormi. Acordei. Você não me deixou em paz. Veio encravado no meu coração. Eu te sentia a cada bater do peito. Chorei. Calma e silenciosamente eu chorei sua presença tão distante. Meu coração doía, queimava. Eu queria gritar, mas não podia. Achei que não fosse suportar. Suportei. Cheguei. Desembarquei. Peguei um táxi. Segui.
Tudo era novo, muitas luzes, muitos carros, muita gente desconhecida, muito medo dentro de mim... Menos a certeza de te encontrar a qualquer momento. E agora? O que fazer pra te encontrar? Respirei fundo e pensei que o melhor era esquecer. Decidi começar tudo de novo. Fui para o hotel onde fiz previamente minha reserva e deixei minha bagagem. Quando passei pela recepção decidi que não te levaria comigo. Abri minha carteira e peguei sua fotografia que eu trazia comigo num misto de amor e doença mental, rasguei em poucos pedaços e joguei no lixo.
Fui pra rua, entrei num barzinho movimentado, cheio de gente jovem, pedi uma vodka. A alma já estava menos cansada, o coração mais leve. Bebi rápido, desejando que o relaxamento que a bebida provoca chegasse logo. Eu só queria ser livre...
Os dias passaram, as coisas foram se encaixando, as pessoas estranhas tornaram-se conhecidas. O trabalho foi ficando mais fácil. Convites para jantares e baladas foram surgindo e você foi deixado naquela lata de lixo. Pensei em você muitas vezes, mas já não era a mesma dor. Conheci um cara. Não o amo, é verdade, mas ele me faz sorrir, principalmente quando eu te lembro na lata de lixo. Ele me conta bobagens, me liga, me seduz, volta no outro dia. Eu não tenho medo de perdê-lo, mas quando estou com ele não penso em você. Não muito.

Anne Dias

21 de novembro de 2012

Foi como que inevitável... - Um pouco dos meus segredos


É, eu não tava muito afim de sair naquela noite... Não, eu tava super mal por causa de umas coisas que aconteceram, mas eu fui. Fui porque me disseram que ás vezes as melhores coisas acontecem quando a gente não espera. Testei. Funcionou (dessa vez). Pois é, mas as coisas não são tão simples assim. Nos primeiros instantes tudo era chato, sem graça e sem sentido. Eu tinha vontade de ir embora o tempo inteiro, bocejava de vez em quando e parecia uma estátua em meio a tantos corpos se movendo ao som da música. Só eu estava deslocada alí. E você? Você não. Aquele era seu mundo, você já sabia como era sentir-se vivo a mais tempo que eu. Eu estava reclusa na minha vida antiga. Você? Você dava graça a todo aquele lugar. Você foi o que me prendeu a atenção durante aquela noite. Eu te olhava e você dançava. Sem preocupar-se, sem importar-se com meus olhos te seguindo, sem pensar se eu te queria. Eu sorria olhando para o alto, pensando que era tudo muito divertido. Divertido ficar te desejando, enquanto você fingia não perceber. É, o tempo passou e eu percebi que estava quase na hora de ir e você não tinha sido meu, nem por um instante. Foi quando o inesperado aconteceu. De tanto eu te olhar você me enxergou e se aproximou (tão próximo do fim da noite). Então eu sorri de novo, pensando que tinha o que cobicei a noite inteira na minha frente. É, eu gostei de te ter alí, me olhando de perto (finalmente), mas daí pensei se valeria a pena. Depois de te ter nos braços eu pensei se eu queria estar nos seus (minha mente complicada)...
Eu tinha que ir, ia te deixar sem saber como seria se... Mas você veio comigo. Sim, você veio e ficou. Foi uma mistura de sentimentos, de pensamentos, uma mistura de "não acredito", "será que eu devia?", "é uma boa idéia?", "o que eu tô fazendo?"... Mas já era tarde. Você veio comigo e me fez esquecer muitas coisas que insistiam em dominar minha mente. Eu te olhava e sorria. Eu sabia que enquanto estivesse com você eu esqueceria... O resto. Mas, quanto isso iria durar? Não sabia...
O dia amanheceu e você estava alí, tão indefeso, olhos fechados, dormindo, a respiração suave, os cabelos emaranhados em mechas claras e macias. Sim, você estava alí e eu não acreditava. Não sei o que senti, eu te queria, mas por quê? Eu não sabia teus gostos, teus sonhos, teu lado sombrio (todos temos), não sabia o que você queria ou quem você queria. Mas você ficou e ainda está. E agora?
Não posso explicar. Não posso entender. Não é uma história fantástica, bela, parecida com um sonho ou um ingênuo conto de fadas e coisas bonitas. Não é algo mágico ou inacreditável. É simples, é estranho, é sem sentido, mas ainda é até agora, embora eu não saiba o que é. Enquanto você ficar eu fico... Com você.

Anne Dias


19 de novembro de 2012

E depois de tudo... - Um pouco dos meus segredos


Eu sofri. Você sabe que sim. Sabe como é amar alguém e descobrir que é melhor ficar longe? Eu sei. Sabe o que é sentir uma dor tão forte, mas tão forte, que te sufoca a alma? E essa dor atingir o seu coração a ponto de você sentí-lo realmente partindo? Sabe esse nó aqui na minha garganta? Ele ainda não desmanchou. Quando você saiu e nunca mais voltou eu fiquei destruída. Quando eu esperei aquelas ligações que você não fez (lembra?) meu coração se sentiu tão pequeno, tão nada... Quando perdi a razão, o caminho, os sonhos (nossos sonhos), os ideais, o chão, a segurança do teu fraco amor, me senti como uma lesma (sim, uma lesma) rastejando por onde quer que eu andasse. Sabe aquele brilho que eu tinha nos olhos? Ainda não o encontrei, acho que você o levou quando pegou suas coisas, aquelas que já faziam parte da minha mobília, lembra?
Mas... Depois disso tudo...
Eu descobri que a tua ausência não doerá por muito tempo, não mais. Descobri que os teus sonhos distorciam dos meus, que o teu amor era vento, e que existem outras bocas, corpos, almas, corações, pensamentos, abraços, companhias por aí. Descobri que podem me fazer sentir até melhor do você fazia... Aprendi a ser forte, de aço mesmo, sabe?
E você? Você veio quando a hora passou, a nossa hora... Aprenda a ser forte também. Pois se você for esperar pelo meu amor pra ser feliz, vai passar por coisas parecidas com essas que eu andei sentindo por sua causa, talvez até piores, porque ainda tem a dose de arrependimento que você vai sentir quando me ver andando, sorrindo, de mãos dadas com alguém... Porque o meu amor, esse você não terá novamente. Não volte atrás. É tarde pra nós.


Anne Dias

Olá!

Depois de tanto tempo sem postar nada, venho aqui pra dizer que estou voltando com o blog........... Tem novidades por aí.... Mais posts sobre make, textos, poesias, estórias', etc.... Estou preparando um post bem legal pra vcs. Um bjo e até logo (loguíssimo).... ^^

Ah, o blog tá de cara nova, né? Pois eh, agradeço ao colega de trabalho, Almir Junior, que deu uma ajeitadinha aqui pra mim #thanks#